Mais uma vez, uma partida da Libertadores da América é manchada por denúncias de racismo e discriminação. Na noite de quarta-feira (9 de abril), torcedores do Palmeiras foram filmados proferindo insultos e fazendo gestos preconceituosos em direção à torcida do Cerro Porteño, do Paraguai. A Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) anunciou que irá investigar o caso, seguindo o mesmo protocolo adotado após denúncias de racismo sofrido por jogadores do clube paulista por torcedores paraguaios no mês passado.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram um torcedor vestindo um casaco do Palmeiras fazendo gestos que remetem à imitação de um macaco em direção à arquibancada ocupada pelos torcedores do Cerro Porteño. Outro vídeo flagra outro torcedor proferindo ofensas racistas, sendo apontado como tendo chamado os torcedores paraguaios de "índios".

No início de março, Cerro Porteño e Palmeiras se enfrentaram pela Libertadores sub-20 no Paraguai. Após a partida, o atacante Luighi, de 18 anos, denunciou ter sido alvo de racismo, juntamente com seus companheiros de equipe. A torcida da casa teria feito gestos imitando macacos e comparado os jogadores ao animal.

A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, manifestou sua indignação e chegou a defender a desclassificação do clube paraguaio do torneio. A dirigente criticou a falta de ação efetiva da Conmebol em casos de racismo, mencionando a aplicação de uma multa considerada mínima de 50 mil dólares (cerca de R$ 300 mil), o fechamento dos portões em uma competição que o Cerro já não disputava mais e uma campanha de conscientização nas redes sociais que foi rapidamente tomada por comentários racistas. Diante da ineficácia das medidas, Leila Pereira chegou a propor que os clubes brasileiros se filiassem à Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe).

Antes da partida de quarta-feira, os jogadores de Palmeiras e Cerro Porteño se reuniram no centro do campo e permaneceram em silêncio por 20 segundos, em um gesto proposto pela Conmebol para simbolizar a luta contra a discriminação e o racismo no futebol. Nas arquibancadas, a torcida do Palmeiras exibiu cartazes de apoio a Luighi e outros que criticavam a Conmebol, acusando a entidade de racismo.