A morte do pequeno Rhavy Abraão Alves de Lima, de apenas dois anos, ocorrida nessa terça-feira (13), no bairro de Riacho Doce, em Maceió, teve uma reviravolta chocante após o resultado do laudo cadavérico do Instituto Médico Legal (IML). O que inicialmente parecia ser uma fatalidade se revelou um caso de violência cruel, com a análise apontando que a vítima morreu em decorrência de uma forte pancada que causou ruptura no fígado e hemorragia abdominal interna.

O delegado Emanuel Rodrigues, da Unidade de Atendimento de Local de Crime (UALC), responsável pela investigação, informou que o caso começou a ser apurado após a mãe e o padrasto acionarem o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O padrasto alegou que a criança "não estava respirando". Ao chegar ao local, o Samu constatou o óbito e suspeitou de possível morte violenta, acionando a Polícia Militar (PM).

"A equipe de local de crime foi acionada. No primeiro momento, não havia lesões externas que justificassem uma morte prematura. Por isso, o corpo foi encaminhado ao IML", explicou o delegado.

A situação tomou um rumo dramático após o laudo do médico legista apontar uma equimose (mancha roxa) de 12 cm por 8 cm na região da coluna, causada por uma ação contundente – uma pancada forte. O impacto brutal provocou ruptura do fígado e hemorragia interna, levando à morte da criança. O exame revelou, ainda, três pequenas lesões no couro cabeludo, também por ação contundente. A delegada Tacyane Ribeiro afirmou que o laudo médico indica que a morte de Rhavy foi por meio cruel.

A mãe relatou que, na noite anterior, deu banho na criança e ela não apresentava lesões. Pela manhã, segundo ela, não chegou a acordar o menino antes de ir para a academia. Já o padrasto, que estava na residência no momento da morte, disse desconhecer qualquer lesão.

Diante da conclusão do laudo e da contradição nos relatos, a Polícia Civil prendeu o padrasto em flagrante, suspeito de ser o autor da agressão que causou a morte da criança.

"Após o depoimento da mãe constatando que o garoto na noite anterior não apresentava lesões, o fato de o padrasto estar sozinho com a criança quando acionou ajuda e a presença de lesão na coluna, cuja causa ele não soube justificar, realizei a prisão em flagrante", explicou o delegado Emanuel Rodrigues. Ele relata que estava dormindo e, quando acordou, viu o menino em estado de óbito. Na residência, só havia ele como adulto, além das duas crianças filhas da esposa. "Ficou claro que se tratava de uma morte violenta, e não, de uma causa natural", completou.

O casal estava junto há sete meses. À polícia, a mãe da criança contou que o padrasto nunca havia agredido seus filhos.

Conforme o laudo médico, a lesão foi causada no dia em que Rhavy foi encontrado sem vida. A polícia descarta que a lesão tenha sido ocasionada por queda da própria altura.

"Isso foi descartado. Não é possível essa lesão por meio de queda da própria altura, e a própria mãe alegou que na noite anterior, a criança não apresentava lesão", disse o delegado.

"O médico legista comenta na conclusão (do laudo) que pode ter sido uma espécie de pizão ou golpe na coluna que gerou uma grande pressão abdominal, onde teve a ruptura do fígado da criança, causando a hemorragia", detalhou o delegado. "E, no local do crime, não encontramos vestígios ou elementos externos que indicassem a ação violenta", completa, afirmando que nenhum objeto foi apreendido no imóvel da família.

A polícia também investiga uma possível omissão da mãe, mas, até o momento, segundo o delegado, não há elementos que indiquem participação da genitora no crime.