Israel declara Cidade de Gaza como "zona de combate perigosa" e avança em ofensiva
Exército israelense suspende corredor humanitário e intensifica operações, enquanto comunidade internacional expressa preocupação com a crise humanitária e o destino dos civis.

O Exército israelense anunciou nesta sexta-feira (29) que a Cidade de Gaza, o coração densamente povoado da Faixa de Gaza, é agora considerada uma "zona de combate perigosa". A declaração veio acompanhada da suspensão de um corredor humanitário que, por um breve período, havia oferecido um fio de esperança para a população sitiada. A medida sinaliza uma nova e preocupante fase na escalada do conflito, com Israel determinado a alcançar uma "vitória total" sobre o Hamas.
Em meio ao avanço militar, o governo israelense anunciou a recuperação do corpo do refém Ilan Weiss, juntamente com "evidências relacionadas a outro refém morto", durante uma operação realizada na quinta-feira. Acredita-se que dezenas de reféns israelenses ainda estejam detidos em Gaza, com um número incerto ainda com vida.
A ONU estima que a Cidade de Gaza abrigue cerca de um milhão de palestinos, muitos dos quais já deslocados pela violência incessante. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, alertou para as consequências catastróficas de uma ofensiva em grande escala na cidade, prevendo um cenário de sofrimento humano incalculável.
Nos últimos dias, o Exército israelense tem instado os moradores a evacuarem a Cidade de Gaza, descrevendo a medida como "inevitável". O porta-voz Avichay Adraee assegurou que as famílias deslocadas para o sul receberão "a maior assistência humanitária possível".
A tomada da Cidade de Gaza é vista como um passo crucial na campanha militar de Israel contra o Hamas, com o objetivo declarado de estabelecer controle sobre todo o território palestino, de acordo com o governo liderado pelo Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu. O Exército israelense reafirmou que os "primeiros estágios" da tomada da cidade já foram iniciados.
Apesar dos apelos israelenses, muitos palestinos permanecem na Cidade de Gaza, desafiando os riscos. Líderes religiosos argumentam que deixar a cidade equivaleria a uma "sentença de morte". Imagens recentes mostram famílias fugindo em veículos carregados de pertences, em um êxodo desesperado. A ONU adverte que o deslocamento forçado em massa de civis pode constituir um crime de guerra.
A guerra já desencadeou uma crise humanitária alarmante em Gaza, com a ONU relatando fome generalizada na Cidade de Gaza, uma situação inédita no Oriente Médio.
A iminente ofensiva e a ordem de evacuação geraram forte condenação internacional. Diversos países expressaram preocupação com o impacto sobre os civis e a crescente crise humanitária. O Papa Leão XIV juntou-se aos apelos por um cessar-fogo imediato. No entanto, Netanyahu permanece inflexível, determinado a tomar a Faixa de Gaza e garantir a libertação de todos os reféns.
O Ministro da Defesa israelense, Israel Katz, chegou a ameaçar a destruição da Cidade de Gaza caso o Hamas não aceite as condições de rendição impostas por Israel.
A operação militar em andamento, que envolve o uso de tanques, tropas e bombardeios intensivos, faz parte de um plano mais amplo para assumir o controle total do território palestino, aprovado pelo gabinete de Netanyahu no início de agosto.
O gabinete de Netanyahu também ordenou ao Exército que "reduza os prazos" para a conquista dos redutos do Hamas. Em resposta, Israel convocou milhares de reservistas adicionais.
Um comandante militar israelense descreveu a operação na Cidade de Gaza como "progressiva, precisa e seletiva", com foco em áreas onde o Hamas mantém capacidade militar.
O Hamas, por sua vez, condenou o plano de conquista de Gaza, denunciando o "desrespeito flagrante" de Israel pelos esforços de mediação.
A escalada na Cidade de Gaza ocorre após divergências internas sobre a estratégia a ser adotada, com alguns expressando preocupação com a segurança dos reféns.
COMENTÁRIOS